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Entrevista | Estamos nos reinventando em uma nova Unochapecó, afirma reitor Claudio Jacoski

Por: Marcos Schettini
29/10/2020 18:29
Unochapecó

Conhecedor pleno das dificuldades e saídas necessárias para a modernização do ensino superior, o reitor da Unochapecó tem tomado inteligentes atitudes para apresentar um novo estilo de educação que deve nortear o ensino nos próximos anos.

Com os desafios da pandemia ainda sendo sentidos claramente em vários setores, Claudio Jacoski une sua equipe de professores para fazer diferente a partir de 2021. Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, o presidente da Acafe falou sobre a qualidade do ensino a distância, desenhou o futuro da Unochapecó com a criação do modelo Abex, unindo a prática com a didática. Ainda, comentou sobre as dificuldades vividas pela juventude estudantil e também falou sobre a relação entre educação e segurança pública. Confira:


Marcos Schettini: Qual é o futuro da universidade em tempos de pandemia?

Claudio Jacoski: As universidades terão que se reinventar. Não há dúvidas que a pandemia deixará um legado de mudanças. As principais dizem respeito a incorporação de tecnologias às atividades presenciais. Nós entendemos este momento e estamos estruturando um novo modelo de aprendizagem que já vinha sendo pensado há mais de um ano, que agora ganha força e vigor para ser implementado no ano de 2021.


Schettini: O ensino a distância tira a qualidade do aprendizado?

Jacoski: Depende. Há aqui o entendimento que não podemos ser superficiais nesta análise. O uso de tecnologias é inevitável e necessário para a evolução da Educação. Porém, no país a presença de grandes corporações (inclusive com capital na bolsa de valores) com foco no lucro e um rápido resultado, colocaram para o ensino à distância a necessidade de escala, pouco investimento, e ínfima preocupação com a qualidade, levando ao entendimento comum que o ensino a distância sempre é de má qualidade, isso não é verdade. Há como fazer um EaD com responsabilidade na educação e de qualidade.

Schettini: Para onde vai a Unochapecó?

Jacoski: A Unochapecó irá se reinventar. Dizemos que vem aí uma nova Unochapecó. Iremos introduzir um novo método de Aprendizagem, que o chamamos de Abex (Aprendizagem Baseada em Experiências). Nosso estudante terá a oportunidade de já no primeiro semestre de universidade interagir com sua profissão, buscando resolver problemas, contribuindo com a comunidade. Iremos mudar o regime de créditos para seriado, o que dará mais segurança financeira para nossos estudantes que terão um valor fixo do curso do início ao fim (excetuando-se as variações inflacionárias). Também o nosso estudante terá uma matriz muito mais flexível, enfim, uma série de mudanças virão e terão início em 2021.


Schettini: Quais investimentos estão sendo feitos para atrair o estudante e preparar sua entrada no mercado?

Jacoski: Nossa instituição investiu significativamente em ferramentas tecnológicas. A pandemia nos levou a necessidade de aquisição de equipamentos que tornam a aula presencial também online e permite que nossos estudantes recuperem suas atividades e revisem as aulas com material de apoio gravado durante as aulas. Estamos elaborando também um modelo interno de relacionamento do nosso estudante com o mercado de trabalho. As já citadas Abex, colocarão nossos estudantes vivenciando o mercado de trabalho, e quando egressos, muito mais preparados para exercitar a profissão.


Schettini: Se a Educação é a fonte industrial de formação técnica e intelectual para o futuro, por que muitos se decepcionam sem trabalho?

Jacoski: Aqui temos problemas de ordem econômica que impedem uma melhoria no resultado do PIB, expectativa que tínhamos para este ano e que a pandemia tratou de interromper. Nossos estudantes estão sendo preparados para enfrentar as condições de mercado com potencial empreendedor e voltados a resolver problemas da sua área de conhecimento. A criatividade e a inovação são importantes elementos exercitados na Unochapecó que ajudam a enfrentar tempos difíceis de baixa demanda por profissionais. Acreditamos que 2021 seja o início de uma retomada econômica e também de expectativas da população brasileira.

Schettini: Qual é o maior problema da juventude universitária depois da formação?

Jacoski: Não tenho certeza se é o maior, porém em pesquisas que realizamos, entendemos que o setor produtivo necessita de profissionais com muito mais conhecimento da realidade da atuação, pois muitos jovens chegam ao mercado de trabalho com excelente base teórica, porém sem a vivência da atividade. É isso que nosso método de aprendizagem irá contrapor, dar uma excelente base teórica, dosada com uma experiência profissional (Abex), que acontecerá em todos os semestres de estudos. Será um grande diferencial de nossos estudantes que já são muito bem recebidos pelo mercado (nosso índice de empregabilidade bate os 90%), e temos a certeza que irá melhorar ainda mais.


Schettini: Qual o destino do Enem, Fies e Sisu?

Jacoski: Difícil fazer prognósticos a este respeito. O Enem por exemplo está com datas sendo discutidas, pois as Instituições Federais de Ensino apresentam dificuldades no calendário, uma vez que há algumas que ainda discutem o retorno. Diferente das Instituições Comunitárias que não pararam e concluirão os dois semestres ao final do ano, trazendo um semestre dentro da normalidade para 2021. O calendário da Educação Superior do país ficará divergente. Portanto, esta situação dificulta a definição da data do Enem uma vez que o mesmo é usado para Sisu, Prouni, etc... O Fies será menos impactado, mesmo porque o governo federal vem diminuindo a força de aplicação neste Fundo. O Sisu é uma realidade apenas das Instituições Federais. Nós do Sistema Acafe introduzimos o SUA (Sistema de Seleção Unificado da Acafe) para darmos conta no momento da pandemia.


Schettini: Quem pode mais chora menos?

Jacoski: Nossas Instituições Comunitárias enfrentam momentos de grande desafio, pois pela sua estrutura, não são totalmente compreendidas como um bem público que oferece uma das melhores condições de educação superior do país. Neste ponto, parece que deveríamos “chorar mais” e fazer mais barulho para sermos ouvidos.


Schettini: Educação e violência são antagônicos ou é uma questão sociológica?

Jacoski: A Educação é a base para construção de uma sociedade mais justa e menos violenta. Esta é a justificativa para que o governo federal amplie a discussão a respeito do investimento público na Educação, muitos dizem que se gasta muito, outros pouco, quem sabe o problema esteja no “como” é gasto. A redução da violência no país se dará com uma inteligente distribuição de recursos para a educação, com produtividade, resultados para a sociedade e integração dos jovens em políticas de desenvolvimento e superação das atuais condições.


Schettini: A Acafe não precisa dar um pulo significativo e ser mais cidadã?

Jacoski: A Acafe passa por um momento de recuperação da sua confiança interna entre seus membros, também de reestruturação organizacional e de um planejamento estratégico para os próximos anos. O respeito pela sua história de sucesso é reconhecidamente um de seus principais legados, não há corporação ou organização que não reconheça o importante papel de desenvolvimento que a Acafe promoveu por meio de suas associadas por todo o Estado de Santa Catarina nas últimas cinco ou seis décadas. Agora vem um novo momento de consolidação de atividades de prestação de serviços, e atuação em novos espaços até o momento não trilhados. No meio de representatividade política e na ótica de construção de uma relação institucional, penso que avançamos muito neste curto espaço de tempo que estou na presidência da Acafe.


Schettini: Para onde vai Claudio Jacoski?

Jacoski: Vai seguir em frente acreditando na educação e promovendo o desenvolvimento regional, com muita ética, respeito e serenidade. Há uma missão que recebi e que ainda tenho 40 meses pela frente, depois… alguns projetos estão sendo pensados, mas ainda é cedo para apresentá-los.


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